segunda-feira, 28 de abril de 2008

Maratona de Roma

Nossos amigos e alunos estão ficando feras nas competições internacionais.
Aproveitando as férias, participaram da Maratona de Roma .
O desafio desta vez era concluir com um bom tempo, já que o clima estava ótimo para correr ,e fizeram muito bem.
Parabéns aos atletas Marcelo , Dani, Marquinhos e Lisa.
Vitórias à voçês

domingo, 6 de abril de 2008

O barato da corrida...

O artigo a seguir foi retirado do blog liverun e é muito interessante

Por Gina Kolata NYtimes

Sim, algumas pessoas reportam se sentir tão bem quando se exercitam que é como se tivessem tomado drogas que alteram seu comportamento.
Mas será que a sensação é real ou ilusória? E, ainda que real, o que a sensação efetivamente é, e o que a causa?
Algumas pessoas que alegam ter passado pela experiência dizem que é uma sensação incomum. Normalmente eles sentem relaxados ou em paz depois de se exercitar, mas raramente ficam eufóricos.
Será que a calma que eles sentem também poderia ser definida como uma forma de "barato da corrida".
Muitas vezes, pessoas que dizem ter passado por euforia intensa alegam que ela surgiu depois de uma prova de longa duração. Minha amiga Marian Westley diz que a sensação surgiu, para ela, no final de uma maratona, e que veio acompanhada de emoções tão fortes que bastava ver um filhote de animal para que ela tivesse vontade de chorar.
Outras pessoas afirmam que passaram pela experiência ao se esforçarem quase que a ponto de colapso em provas mais curtas, por exemplo corridas de cinco quilômetros. E há também casos como o de minha amiga Annie Hiniker, que diz que, ao terminar uma corrida de cinco quilômetros, a última coisa que sente é euforia. “Eu sinto vontade de vomitar”, diz.

A hipótese de que correr dá barato presume que o exercício físico tenha efeitos bioquímicos reais sobre o cérebro. O exercício libera produtos químicos que podem mudar o humor de um atleta, e esses produtos são endorfinas, as opiáceas naturais do corpo. Os pesquisadores são capazes de detectar endorfinas no corpo das pessoas depois de uma corrida, mas elas são parte da resposta do corpo ao desgaste, e não podem viajar do sangue ao cérebro. Ou seja, não podem ser consideradas responsáveis por mudanças de humor.
Por isso, durante mais de 30 anos não havia como provar que correr dá barato. Mas agora a tecnologia médica enfim atingiu estágio que permite que se confirme o folclore dos atletas. Pesquisadores alemães, empregando métodos neurocientíficos avançados, reportaram na revista Cerebral Cortex que a crença popular procede: correr gera um influxo de endorfina ao cérebro. As endorfinas estão associadas às mudanças de humor, e quanto mais endorfinas o corpo de um corredor bombeia, maior o efeito.
Os mais renomados pesquisadores das endorfinas que não participaram do estudo dizem aceitar as constatações.
"Impressionante", disse Solomon Snyder, professor de neurociência na Universidade Johns Hopkins e o descobridor das endorfinas, nos anos 70. "Gosto do trabalho", disse Huda Akil, professor de neurociências na Universidade de Michigan. "Trata-se da primeira vez em que alguém decidiu encarar esse desafio. Não é que a idéia não fosse certa. Mas ninguém havia conseguido obter provas, até agora".
Para os atletas, o estudo oferece prova de que a alegação de que correr dá barato não é uma simples desculpa New Age para a sensação de prazer que eles alegam sentir depois de se exercitar.
Para atletas e não atletas, os resultados abrem novo capítulo na ciência do exercício. Eles demonstram que é possível definir e medir a euforia dos corredores, e que deve ser possível descobrir o que a causa. O trabalho também oferece esperança às pessoas que não apreciam os exercícios físicos, mas ainda assim os fazem. Essas pessoas poderão aprender técnicas que as ajudem a gerar sensações que transformarão o exercício em um vício positivo.
O diretor científico do estudo, Dr. Henning Böcker, da Universidade de Bonn, disse que a idéia de testar a hipótese sobre a endorfina lhe acorreu quando percebeu que os métodos que ele e outros pesquisadores estavam utilizando para estudar a dor eram perfeitamente aplicáveis.
A idéia era usar tomografia combinadas a produtos químicos desenvolvidos recentemente que revelam a presença de endorfinas no cérebro, a fim de comparar os cérebros dos corredores antes e depois de uma corrida longa. Caso as imagens mostrassem que endorfinas estavam sendo produzidas e chegando á área do cérebro que determina o humor, isso seria uma prova direta de que a hipótese quanto às endorfinas procedia. E se os corredores, que não foram informados sobre o objeto do estudo, também reportassem mudanças de humor em proporção comparável à alteração na presença de endorfinas, nova prova em favor da hipótese poderia ser obtida.
Böcker e seus colegas recrutaram 10 corredores de longa distância e os informaram que estavam estudando os receptores de opiáceas no cérebro. Mas os corredores não sabiam que os pesquisadores estavam observando a liberação de endorfinas e a euforia da corrida. Eles passaram por tomografias antes e depois de corridas de duas horas de duração. Também passaram por um teste psicológico padronizado para indicar seu humor antes e depois da corrida.
Os dados demonstraram que, de fato, endorfinas são produzidas durante a corrida, e atingem receptores em áreas do cérebro associadas às emoções, em especial a região límbica e a pré-frontal. As duas áreas, diz Böcker, são ativadas quando as pessoas estão envolvidas em casos de amor romântico ou, diz "quando ouvem música que causa arrepios de euforia, como o concerto número 3 para piano de Rachmaninoff". Quanto maior a euforia reportada pelos corredores, mais elevado o nível de endorfina em seus cérebros.
"Algumas pessoas passam por essas experiências realmente extremas, depois de treinamentos muito longos ou intensos", disse Böcker, que corre e anda de bicicleta ocasionalmente e diz que se sente completamente relaxado e com a cabeça mais limpa, depois de uma corrida.
Foi isso que aconteceu aos participantes, ele disse. "Era realmente possível observar a diferença, depois de duas horas de corrida. Estava visível nos rostos deles".
Em um estudo complementar, Böcker está investigando se correr afeta a percepção de dor. "Existem estudos que demonstram que corredores têm tolerância mais alta à dor", ele afirma. "É preciso reforçar os estímulos de dor aplicados antes que eles digam 'isso dói'".
O estudo envolve atletas e não atletas, para determinar se pessoas que não têm treinamento esportivo experimentam os mesmos efeitos. Talvez uma das razões para que algumas pessoas adorem exercícios em regime intenso e outras não o façam é que algumas delas respondam ao esforço com alterações na sua percepção de dor ou com uma sensação de euforia gerada pelo exercício.
Minha amiga Annie talvez questione essa afirmação. Ela adora correr, mas não sabe exatamente o motivo. No entanto, seu marido diz que a expressão de seu rosto enquanto ela corre é de completa felicidade. O que talvez indique que até ela está desfrutando do barato da corrida.

The New York Times By LiveRUN